O mercado imobiliário no mundo todo é cíclico e todos que estiveram estagnados, defasados ou imaturos mudaram, se ajustaram e se fortaleceram. No Brasil não está acontecendo diferente, pois após anos de estagnação em meados de 2004 começaram as mudanças e seu amadurecimento. Nesta época iniciaram-se os preparativos para um grande vôo, o qual brilharam os olhos de empreendedores e investidores nacionais e estrangeiros.
Todos os preparativos foram feitos, como ajustes políticos, jurídicos e financeiros, considerando os erros do passado e mercados mais evoluídos. Mas só depois do governo abraçar a causa com um plano habitacional arrojado e as instituições financeiras facilitarem o acesso ao crédito é que tivemos um plano de vôo traçado e decolamos com tanque cheio, carga máxima, overbooking e o desejo de uma viagem repleta de oportunidades por todo o Brasil.
Como toda nova rota, ocorreram muitos apoios, elogios, expectativas, sonhos e otimismo, mas também, muitas incertezas, desconfianças, especulações e críticas. Tivemos um pouco de tudo, afinal todo mundo tem uma história de viagem para contar e neste vôo não foi diferente. Surgiram situações inesperadas, originadas de acidentes ocorridos em outras partes do mundo, repercutindo no espaço imobiliário brasileiro, gerando atrasos e ajustes.
Muita gente ganhou dinheiro, muitas empresas perderam dinheiro. Muitos profissionais migraram de suas profissões para o mercado imobiliário, surgiram novos milionários e novas empresas e tecnologias, tivemos muita publicidade, muitas vendas, investimentos e, principalmente, muitos sonhos realizados.
Embora as presentes e constantes turbulências, os preços subiram e o mercado estava comprador. Muitos empresários, corretores e investidores acharam fácil, afinal, o que lançavam, vendiam. Assim ocorreram sucessivos lançamentos e foram comercializados imóveis prontos com promessas de alta valorização.
Como todo ciclo, decolamos muito bem, tivemos momentos tranquilos, porém estressantes como a crise de 2008. O mercado reagiu, cresceu e atropelou a cadeia produtiva gerando atrasos e desconfianças da capacidade do setor.
Não há mais retorno, ou seja, os preços dificilmente diminuirão, mas também não há mais sentido de alta, com algumas poucas exceções setoriais, regionais e leves correções generalizadas . Ao redor do mundo os valores das residências têm forte correlação com o ciclo econômico e há um consenso entre os especialistas que a economia do Brasil deve desacelerar nos próximos anos. Atingimos a estabilidade, chegamos à velocidade de cruzeiro.
Não existe tempestade à vista, não existe bolha como a americana, mas o mercado imobiliário mudou, afinal, o mundo mudou. As empresas precisam usar sua inteligência de mercado para não ofertar produtos comoditizados e supervalorizados, lançados por “achismos”, feeling pessoal ou simplesmente copiando a concorrência, mas com pesquisas qualificadas, entendendo os novos hábitos dos consumidores e utilizando da imobiliometria. O novo mercado demanda profissionais de vendas comprometidos e qualificados para orientarem os clientes em todo o processo de vendas.
Não há mais pressa, o vôo imobiliário se estabilizou e pela frente temos um “Céu de Brigadeiro” para a indústria imobiliária brasileira, agora amadurecida, seguir seu ciclo com um futuro próspero para produzir e desenvolver produtos e serviços com sustentabilidade. Aos que concordam, boa viagem e bom trabalho!
Daniel Rosenthal é sócio-proprietário da Taurus Marketing, empresa especializada em marketing imobiliário, Diretor da Casabranca Negócios Imobiliários e Corretor de Imóveis.